AUTOPSICOGRAFIA
1-4-1931
O POETA é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que
escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.
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